POR QUE O FIM DO ANO NOS TOCA TANTO?
- Daniela Devides

- há 5 dias
- 2 min de leitura
Entendendo a Intensidade Emocional de Dezembro

Chegamos em dezembro, o último mês do ano, e com ele, uma atmosfera única de reflexão, expectativas e, muitas vezes, uma sensibilidade emocional intensa. Já repararam como ficamos mais sensíveis nessa época? É como se as emoções, antes contidas, viessem à tona com mais força. E não se preocupem, isso é absolutamente normal e existem explicações fascinantes para esse fenômeno!
Olhando através das lentes da Neurociência e da Psicologia Positiva, posso afirmar que esse aumento da emotividade está diretamente ligado ao encerramento de ciclos. Nosso cérebro e nossa psique são programados para processar e organizar as experiências.
O fim do ano é inundado por gatilhos sensoriais que disparam nossas memórias afetivas. Luzes, músicas, cheiros específicos e rituais familiares ativam áreas do nosso cérebro associado a emoção, como o sistema límbico. Essas memórias podem ser de alegria e nostalgia por momentos felizes e pessoas queridas, mas também podem se referir a saudades, perdas ou arrependimentos, trazendo à tona sentimentos de tristeza ou melancolia. É como se um álbum de fotografias da nossa vida fosse folheado em alta velocidade.
Dezembro, também, nos força a confrontar a passagem implacável do tempo. Um ano se vai, outro se inicia. Essa percepção pode gerar um senso de urgência, de reflexão sobre a brevidade da vida e sobre o que realmente importa. Para muitos, desperta a necessidade de reconectar-se com seus valores e prioridades. É também a época do famoso "balanço anual". Mentalmente (ou até fisicamente), revisamos as metas estabelecidas, as promessas feitas a nós mesmos. As conquistas trazem euforia, orgulho e satisfação. Já as frustrações, os objetivos não alcançados ou as expectativas não correspondidas podem gerar tristeza, arrependimento e até autocrítica.
O passaporte para passar por essa montanha-russa emocional do fim do ano é a aceitação. A felicidade não é a ausência de tristeza, mas a capacidade de viver todas as emoções com equilíbrio, por isso, não tente reprimir a tristeza, a nostalgia ou a raiva se elas aparecerem. Dê-se permissão para senti-las, pois elas fazem parte da sua humanidade. Um choro pode ser libertador e um momento de introspecção pode ser curador.
Compartilhar suas emoções com alguém de confiança, pode ser um amigo, familiar ou terapeuta, isso pode aliviar o peso e trazer novas perspectivas. Pratique a autocompaixão, seja gentil consigo mesmo. Reconheça seus esforços, suas vitórias (grandes e pequenas) e seja compreensivo com suas falhas. Você é um ser humano em constante aprendizado. Relembre o que realmente importa para você. Às vezes, o consumismo e a agitação natalina nos desviam do sentido mais profundo da época: união, gratidão, renovação.
O fim do ano, com toda a sua intensidade emocional, é um convite poderoso ao autoconhecimento. É uma oportunidade única de olhar para dentro, integrar suas experiências e planejar o próximo ciclo com mais sabedoria e autenticidade. No lugar de lutar contra suas emoções, abrace-as. Reconheça que elas são parte da sua história, da sua evolução. E é vivendo plenamente cada uma delas, com consciência e aceitação, que você construirá uma vida não apenas feliz, mas verdadeiramente plena e inspiradora. Que este dezembro seja um período de profundo e belo encontro com você mesmo!
Daniela Devides, especialista em Educação Socioemocional
e Psicologia Positiva, pós-graduada pela PUCRS, escritora,
palestrante, mantenedora do Colégio Degrau de Araçatuba.




Comentários