EUFORIA, RIQUEZA OU DESTINO?
- Daniela Devides

- 1 de dez.
- 3 min de leitura
O que a felicidade realmente não é

Com tantos gurus e promessas, é hora de desmistificarmos algumas ideias sobre o que não é felicidade, pois, muitas vezes, é justamente a nossa concepção equivocada sobre ela que nos impede de vivenciá-la verdadeiramente.
Se você espera viver em um estado perpétuo de alegria e otimismo inabalável, eu tenho uma notícia: isso não é a felicidade e essa expectativa só te levará à frustração. A vida é um mosaico de emoções, alegrias, sim, mas também tristezas, medos, raivas e frustrações. Tentar mascarar ou reprimir qualquer uma dessas emoções é negar a sua própria humanidade. Se você me acompanha já sabe que uma vida feliz não está ligada a ausência de desafios ou de sentimentos difíceis, mas a capacidade de senti-los, processá-los e seguir em frente com resiliência. A euforia é uma emoção intensa e passageira, já a felicidade é algo mais profundo, um estado de equilíbrio e aceitação do que a vida nos apresenta. A felicidade não é e nunca será uma euforia constante!
Quantas vezes ouvimos ou pensamos: "Quando eu tiver a casa dos sonhos, o carro novo, a promoção esperada, aí sim serei feliz"? Essa crença é uma armadilha cultural perigosa. Embora o conforto e a segurança financeira possam aliviar preocupações e oferecer novas oportunidades, a busca incessante por bens materiais como sinônimo de felicidade é um poço sem fundo. A alegria proporcionada por uma nova aquisição é, na maioria das vezes, efêmera. A Psicologia Positiva, a Ciência da Felicidade, nos mostra que, após um certo nível básico de segurança e conforto, o aumento da riqueza material não gera um aumento proporcional da felicidade. Focar apenas no "ter" nos distancia do "ser" e da riqueza imaterial que verdadeiramente nutre a alma, ou seja, a felicidade não é sucesso material!
Você já deve ter ouvido: Quando eu me formar, quando eu me casar, quando meus filhos crescerem, quando eu me aposentar... aí serei feliz!" Essa frase é um passaporte direto para a insatisfação. A felicidade não está no futuro, à espera de um grande evento ou de uma meta cumprida. Ela não é um "prêmio" no final de uma caminhada. Ao contrário, a felicidade é a própria estrada, é o presente. É a capacidade de encontrar significado e alegria nos pequenos momentos, nos detalhes do dia a dia, nas relações que cultivamos e na forma como nos posicionamos diante dos desafios. Portanto, a felicidade não é um lugar, definitivamente, ela não é um destino a ser alcançado!
Então, o que é a felicidade?
A verdadeira felicidade, sob a ótica da Educação Socioemocional e da Psicologia Positiva, é um estado de consciência e equilíbrio. É uma postura ativa diante da vida, sustentada por pilares fortes como hábitos conscientes, relacionamentos saudáveis e propósito de vida.
A verdadeira importância de ser feliz, ou melhor, de cultivar esse estado de bem-estar e equilíbrio, não é apenas para "se sentir bem". É porque essa postura nos torna mais resilientes, mais criativos, mais empáticos e mais capazes de lidar com os desafios da vida. Uma pessoa que cultiva a felicidade de forma verdadeira não nega a dor, mas a atravessa com mais força e aprendizado. Ela vive uma vida mais autêntica, mais plena e mais significativa, impactando positivamente todos ao seu redor.
Liberte-se das amarras das expectativas irrealistas. Abrace a complexidade e a beleza da sua própria vida. A felicidade não está esperando por você em algum lugar lá fora; ela está sendo vivida, a cada escolha consciente que existe dentro de você.
Daniela Devides, especialista em Educação Socioemocional
e Psicologia Positiva, pós-graduada pela PUCRS, escritora,
palestrante, mantenedora do Colégio Degrau de Araçatuba.




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