CASTIGOS FUNCIONAM ?
- Daniela Devides

- 18 de set.
- 3 min de leitura
Como educadora e especialista em felicidade, acompanho o enorme desafio que educadores e pais enfrentam diariamente: como guiar crianças e jovens para que se tornem indivíduos responsáveis, autônomos e cooperativos, sem cair na armadilha dos métodos punitivos.
Por muito tempo, acreditou-se que punições rigorosas eram a chave para moldar o comportamento. Bater, gritar, humilhar, ou impor privações sem conexão com a ação era a solução considerada adequada. No entanto, a ciência e a prática demonstram que, embora o castigo possa parar um comportamento indesejado no momento, seus efeitos a longo prazo são frequentemente prejudiciais. Crianças punidas podem aprender a mentir para evitar o castigo, sentir-se ressentidas, desenvolver medo em vez de respeito, ou perder a iniciativa e a capacidade de pensar por si mesmas.
É nesse cenário que a Disciplina Positiva surge como uma bússola, oferecendo um caminho eficaz e respeitoso. Desenvolvida por Jane Nelsen e baseada nos trabalhos de Alfred Adler e Rudolf Dreikurs, a Disciplina Positiva não é permissividade nem punição. É uma abordagem que busca ensinar habilidades de vida valiosas para o futuro, ao mesmo tempo em que mantém a dignidade da criança. Seu embasamento está em ser gentil e firme ao mesmo tempo, focando em soluções, na conexão e no sentimento de pertencimento e significado.
A sala de aula se torna um verdadeiro laboratório de cidadania, onde autonomia e responsabilidade são cultivadas diariamente através de práticas como os círculos de diálogo e as reuniões de classe. Esses momentos são valiosos e permitem que os alunos discutam questões da sala, proponham soluções para problemas e se sintam parte da construção do ambiente de aprendizagem, desenvolvendo liderança, empatia e habilidades sociais.
Nossa casa é o primeiro grande palco onde se ensina e aprende responsabilidade e autonomia. A Disciplina Positiva oferece ferramentas poderosas que começam com o foco nas soluções, e não na culpa. Quando um problema surge, em vez de perguntar "Quem fez isso?", o que direciona para a culpa, a abordagem é perguntar "O que aconteceu? O que podemos fazer para resolver?". Isso ensina a criança a assumir responsabilidade pela reparação e a pensar proativamente sobre como agir.
Em ambos os cenários, estamos investindo no caráter de nossas crianças e jovens. Estamos ensinando que eles são capazes, que suas vozes importam, que seus erros são degraus para o aprendizado e que a cooperação é mais poderosa que a competição. Escolas e lares que praticam a Disciplina Positiva se tornam ambientes onde a autonomia floresce, a responsabilidade é assumida com naturalidade e a conexão humana se fortalece.
O caminho para formar indivíduos conscientes e capazes de fazer escolhas positivas vai muito além dos castigos. É um caminho de respeito mútuo, de ensino de habilidades para a vida e de construção de relacionamentos baseados na confiança. Se você busca um futuro de felicidade verdadeira, onde suas crianças e alunos sejam protagonistas de suas próprias vidas, assumam responsabilidades com alegria e cooperem com o mundo ao seu redor, então a Disciplina Positiva é o seu guia.
Castigos funcionam? Minha resposta será sempre literal e profundamente embasada: NÃO! Então, liberte-se dos velhos padrões e descubra a força que reside na gentileza e firmeza. O potencial de nossos alunos e filhos é infinito, e com as ferramentas certas, podemos ajudá-los a construírem um futuro mais brilhante e muito mais feliz.
Por Daniela Devides, especialista em Educação Socioemocional
e Psicologia Positiva, pós-graduada pela PUCRS, escritora,
palestrante, mantenedora do Colégio Degrau de Araçatuba.

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