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A FELICIDADE QUE ULTRAPASSA A AUSÊNCIA.

  • Foto do escritor: Daniela Devides
    Daniela Devides
  • 11 de ago.
  • 3 min de leitura

O calendário nos presenteia anualmente com um Dia dos Pais. Para muitos, é tempo de festa, abraços apertados, presentes e a alegria da presença. Mas para tantos outros, como eu, essa data carrega uma mistura de gratidão imensa por um amor e uma saudade que insiste em morar nos cantos mais íntimos da minha vida. Para nós, que já não temos o pai ao lado, o Dia dos Pais é um convite mudo para uma dança: aquela em que revisitamos memórias, sentimos a ausência e, paradoxalmente, celebramos a presença eterna de um forte legado.

 

Eu, a filha que hoje escreve, já não tenho o privilégio de vê-lo em carne e osso, de ouvir sua voz grave ao telefone ou de sentir o abraço forte que me fazia sentir a pessoa mais segura do mundo. Mas o que a ausência física me ensinou é que o amor, o verdadeiro, não se perde com a partida. Ele se transforma, se acomoda e se expande em outras dimensões, principalmente na memória e nos valores que ele plantou em mim.

 

Meu pai era firme. Lembro-me muito de suas mãos grandes, que para mim, menina, pareciam capazes de consertar qualquer coisa – desde o brinquedo quebrado até o medo noturno de fantasmas (quantas vezes adormecemos de mãos dadas). Ele não era de muitas palavras, mas seu jeito de ser era especial. Com ele, aprendi que responsabilidade não era um fardo, mas uma honra. E que a honestidade, mesmo que doesse, era sempre o único caminho.

 

E os dias de domingo em sua casa, com o cheiro churrasco, enquanto ele cortava a carne, fazia o molho e o seu arroz no puro azeite. Ali, ele não me ensinava sobre cozinhar; ensinava sobre a paciência do fazer, a satisfação de ver algo surgir das próprias mãos e a importância do cuidar de toda família.

 

As emoções ligadas a esses momentos moldam nossa percepção do mundo, nossa capacidade de lidar com frustrações e nossa resiliência. Cada lição, cada sorriso, cada bronca (sim, as broncas também deixam marcas importantes!) construíram a base de quem sou. A Psicologia Positiva, a ciência da Felicidade, nos convida a ressignificar a dor, a buscar o significado mesmo na perda, e a reconhecer que a felicidade não é a ausência de tristeza, mas a capacidade de encontrar propósito e gratidão em todas as fases da vida.

 

A ausência de um pai deixa um espaço, um eco que ressoa em momentos inesperados. Quando me vejo diante de um desafio complexo, a primeira coisa que vem à mente é: "O que o meu pai faria?" Ou, em momentos de alegria avassaladora, sinto a pontada da vontade de dividir aquilo com ele, de ver o brilho em seus olhos. A responsabilidade de um pai, eu percebo hoje, é muito maior do que ele talvez soubesse enquanto estava aqui. É uma responsabilidade que se estende para além da vida, moldando a trajetória de seus filhos.

 

Hoje, no Dia dos Pais, eu o celebro não com a tristeza da ausência, mas com a alegria da presença que se eternizou. O pai que já não está aqui fisicamente ainda dança na minha essênica. Ele dança em cada valor que me rege, em cada sorriso que dou, em cada desafio que enfrento com coragem. Ele está em cada “eu te amo” que digo aos meus filhos, ensinando-os sobre o amor que não acaba. Ele está na minha voz, na minha postura, no meu jeito de ver o mundo.

 

A felicidade, nessa perspectiva, não é ter tudo, mas reconhecer o valor imenso do que se teve e o legado do que se é. E a responsabilidade dos pais é essa: semear um amor tão potente, uma presença tão marcante, que ela seja capaz de transcender a partida e continuar guiando os passos de seus filhos por toda a vida.

 

A todos os pais, presentes fisicamente ou em espírito: o impacto de vocês é eterno! Que possamos, como filhos, honrar essa presença e, assim como meu pai, semear legados que inspirem felicidade por gerações.

 

Saudade de você!

 

Por Daniela Devides, especialista em Educação Socioemocional

e Psicologia Positiva, pós-graduada pela PUCRS, escritora,

palestrante, mantenedora do Colégio Degrau de Araçatuba.

 
 
 

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