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ARQUITETAS DA ALMA: O PAPEL DE UMA MÃE NA CONSTRUÇÃO DE VIDAS FELIZES

  • Foto do escritor: Daniela Devides
    Daniela Devides
  • há 1 dia
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 12 horas

Por Daniela Devides, especialista em Educação Socioemocional

e Psicologia Positiva, pós-graduada pela PUCRS, escritora,

palestrante, mantenedora do Colégio Degrau de Araçatuba.

 

Existe algo de mágico quando uma mãe segura seu filho pela primeira vez. Um olhar que reconhece, braços que acolhem, um coração que já sente aquele ser há tempos. Naquele instante sagrado, inicia-se uma das mais poderosas influências que a humanidade conhece – a relação entre mãe e filho, essa conexão delicada onde as primeiras plantas arquitetônicas de uma alma são desenhadas com traços de amor incondicional.


Como arquitetas da alma humana, as mães não trabalham com concreto ou aço, mas com materiais infinitamente mais preciosos e duradouros: confiança, empatia, resiliência e amor. Cada interação, cada palavra, cada olhar servem como vigas e pilares invisíveis que sustentarão a estrutura emocional de seus filhos por toda vida.


Sou educadora há mais de trinta anos, mas foi sendo mãe que aprendi as lições mais profundas sobre essa grandiosa arquitetura do ser. Foi nessa escola sem férias e nem diploma que descobri como pequenos momentos cotidianos – um beijo antes de dormir, um abraço após uma queda, um olhar de confiança no momento de incerteza – erguem as paredes invisíveis sobre as quais nossos filhos construirão seus próprios projetos de vida.


A ciência finalmente começou a confirmar o que as mães já sabiam forma intuitiva: o vínculo materno é a pedra fundamental sobre a qual se ergue toda a estrutura do desenvolvimento saudável e da capacidade de ser feliz. Estudos conduzidos pela Universidade Harvard revelam que a qualidade do relacionamento entre mãe e filho nos primeiros anos de vida influencia profundamente a saúde mental, a capacidade de estabelecer relacionamentos saudáveis e até mesmo a resposta ao estresse na vida adulta.


Robert Waldinger, diretor do Harvard Study of Adult Development – o mais longo estudo sobre felicidade já conduzido – concluiu após décadas de pesquisa que "a felicidade está fundamentalmente ligada à qualidade de nossos relacionamentos." E qual é o primeiro e mais formativo relacionamento? Aquele com nossa mãe ou figura materna – a primeira arquiteta que desenha os espaços onde aprenderemos a habitar nossas próprias emoções.


Mas o que significa realmente edificar felicidade na relação mãe-filho? Não se trata de projetar fortalezas impenetráveis que protejam de todo sofrimento – sabemos que isso seria não apenas impossível, mas comprometeria a estrutura emocional. A verdadeira felicidade, como ensina a Psicologia Positiva, está ancorada na capacidade de construir espaços internos flexíveis, capazes de resistir às tempestades da vida sem perder sua essência.


Mas sejamos honestas: a maternidade também é o projeto arquitetônico mais exigente que muitas de nós já assumimos. É trabalhar com materiais imperfeitos, sob prazos impossíveis, sem nenhum manual de instruções. É acordar cansada e ainda assim continuar a obra; é questionar cada decisão estrutural; é sentir o coração fora do corpo, vulnerável a todas as alegrias e dores do mundo. Como então as mães podem erguer bases de felicidade para os filhos sem comprometer suas próprias fundações emocionais?


Uma pesquisa realizada pela psicóloga Sonja Lyubomirsky sugere que as mães que preservam seus próprios alicerces através do autocuidado criam um "efeito cascata" positivo em toda a estrutura familiar. Crianças que observam suas mães restaurando e renovando seus espaços internos compreendem, por exemplo vivo, que manutenção emocional não é luxo – é necessidade estrutural!


No entanto, é essencial lembrar que não existem projetos maternos perfeitos – e que a perfeição nunca foi o objetivo desta arquitetura. É fundamental a existência do conceito libertador da "mãe suficientemente boa", ou seja, aquela que reconhece as imperfeições em sua obra, faz os reparos necessários e continua construindo. Esses momentos de restauração após uma falha estrutural são, na verdade, alguns dos mais valiosos aprendizados que podemos oferecer.


Recentemente, uma pesquisa conduzida pela Universidade de Cambridge revelou que a capacidade de uma mãe de aceitar as imperfeições em sua própria construção emocional é um dos preditores mais fortes da saúde emocional dos filhos. Quando demonstramos compaixão pelos nossos próprios erros, damos aos nossos filhos permissão para serem mais humanos, criativos, adaptáveis e para estarem sempre em constante aprendizado.


E talvez esta seja a maior dádiva que uma arquiteta materna pode oferecer: não um projeto perfeito e imutável, mas um esboço vivo, respirável, em constante evolução. Um desenho que permite expansões, renovações, correções e até mesmo demolições ocasionais para dar lugar a novas e mais autênticas estruturas.


Por isso, Mães, nunca se esqueçam: nós não estão apenas criando filhos. Estamos desenhando os primeiros esboços de verdadeiras catedrais humanas, estabelecendo alicerces de possibilidades, erguendo vigas de resiliência. Estamos projetando futuros em que a felicidade não é um cômodo específico, mas o próprio ar que circula por todos os espaços da alma, somos sim verdadeiras arquitetas na construção de vidas felizes!


DANIELA DEVIDES

Especialista em Felicidade / Pós Graduada pela PUCRS

Escritora / Palestrante / Diretora do Colégio Degrau de Araçatuba

 
 
 

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